domingo, 28 de março de 2010


Lembro ate hoje das meias no meio das canelas, fita no cabelo e o choro interrompido por soluços quando minha mãe me deixou no jardim de infância pela primeira vez. Ela com o coração aflito e eu, com síndrome de abandono e injustiça – nada que não tenha sido resolvido com uma boa soneca da tarde e muitas massinhas de modelar. Foi lá que fiz bons amigos, fieis escudeiros durante as batalhas intermináveis de pique esconde. Foi la também que comi amora pela primeira vez e que descobri que castelos podiam ser feitos de areia. As aulas de pintura nunca eram as mesmas se não houvesse um duelo de pinceis e guaches coloridos. Foi lá que fui a grande estrela e me consagrei como artista interpretando Chapeuzinho vermelho. Os peixes cresceram mais felizes depois de muitos biscoitos recheados e pedaços de pão com presunto jogado misteriosamente no lago artificial. E se Sherlock Holmes soubesse que desvendamos o curioso caso da suposta caveira no ultimo corredor, o mundo da investigação não teria sido o mesmo. Foi lá que descobri que roubar figurinhas não era certo e que levar ponto no queixo era dolorido. Que a caneta azul era melhor que a vermelha e que a negociação estava em tudo, ate na troca os lanches. Que as melhores reuniões de trabalho eram feitas nas casas dos amigos com direito a brigadeiro e macarronada. Foi la também que descobri que a chapa do raio-X do meu pulso torcido podia ser útil num eclipse solar e que a biblioteca era maior e mais misteriosa que eu podia imaginar. Que a salada mista poderia se tornar um jogo perigoso e que colar dava suspensão. Que era necessário formar para cantar o hino e que eu era muito melhor como torcedora do que jogadora de qualquer esporte. E que antes dos chineses invadirem o Brasil com as lanchonetes Xing Ling, o pastel chinês já era o imperador da cantina. Difícil também se esquecer das olimpíadas com direito a torcida organizada e choros intermináveis nas derrotas. Dos revolucionários do grêmio estudantil e dos papeis higiênicos molhados jogados no teto do banheiro como forma de protesto sei la de que. Dos amores e dos desfiles cívicos com a banda em perfeita harmonia.
Hoje, com uma chuva fininha na janela e uma caixa de fotos antiga na cama, cai numa viagem nostálgica e relembrei dos momentos que passei no Colégio Campo Grande e dos bons amigos eu fiz durante os nove anos que estudei por lá. Um bom colégio ladeado por muros altos e mangueiras imponentes. Hoje, depois da falência, não resta muita coisa, somente as boas lembranças dos eternos alunos e professores.
A todos os meus laços de amizade: saudade!

4 comentários:

  1. Certeza que esses são os melhores momentos das nossa vidas!
    Me deu um vontade de escrever sobre meus 15 anos de Rosário!
    Mas aí bota tempo!Saudade de cada recreio!
    Bj
    Bj

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  2. Quem me dera lembrar de tudo isso com seus olhos!! rsrs... Bem melhor!

    Lindo, lindo, lindo...

    Hyana

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  3. Ai, que nostalgia! =)
    Lindo... lembro como se fosse ontem o primeiro dia de aula e o doce sabor da infância...
    Se cultivarmos a criança sempre dentro de nós estaremos no caminho cada vez mais perto da felicidade.
    =*

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  4. Caraca!
    Que coincidência! Campo grande!rs
    Você descreveu muito bem. Adorei a parte das melhores reuniões de trabalho rs.
    Saudade dos meus 10 anos de rosário!=)
    bjs!

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