segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Medo de avião

Eu sempre tive medo de voar. Lembro a primeira vez que fiz uma viagem internacional sozinha (e que foi a minha primeira vez voando também). Queria viajar, conhecer o mundo, desbravar minha deliciosa França, mas tinha medo. Um mês antes da data da viagem, comecei a escrever algumas cartas para família e amigos, caso acontecesse alguma coisa comigo. Tive o trabalho minucioso de escrever para cada pessoa, deixar um mini testamento, responsáveis pelos meus animais e senhas de banco e cartões. Na véspera da viagem eu deixei tudo com a minha mãe num saco e disse: mãe, por favor, só abra se eu não voltar. E assim ela o fez. Riu muito de mim, ficou angustiada tentando aliviar o meu medo e guardou minhas cartas com o maior zelo possível.  Voltei, com a certeza única que passaria pelo medo de novo porque viajar o superava. 

Oras, como podemos voar em um objeto que desafia toda a física? Isso não entra na minha cabeça. A pressão, o peso, as asas, o piloto automático e principalmente como tem gente que consegue atravessar os oceanos ao menos duas vezes por semana? Esses comissários são mesmo respeitáveis! Se acha que estou exagerando, vamos lá:

 "O A380 tem uma cabine de 478 metros quadrados de espaço utilizável do piso, 40% a mais que o segundo maior avião de passageiros, o Boeing 747, e oferece capacidade para 525 pessoas em uma configuração de três classes ou até 853 pessoas em uma única classe econômica. 

Peso carregado‎: ‎560 000 kg (1 230 000 lb)
Peso máx. de decolagem‎: ‎575 000 kg (1 270 000 lb)
Peso vazio‎: ‎276 800 kg (610 000 lb)
Passageiros‎: ‎407-853 passageiro(s)"
Fonte: Wikipedia.


Fala sério, como pode voar? rs 

Entre alguns voos, mais traumático pra mim foi um onde sai de Roma em 2014 rumo a Dubrovinick. Estávamos eu e uma amiga, o avião com 50% de ocupação somente e um céu terrivelmente nublado. O voo levaria em torno de 60min mas que pra mim, pareceu uma eternidade. Com 30min de voo mais ou menos, o avião começou a ter quedas de pressão, parecia algum brinquedo onde despencava um pouco em queda livre (segundos) e retornava ao ponto normal. Quando ele começou a tremer, tremer muito,  as comissárias guardaram os carrinhos e sentaram na posição de queda - vocês me ouviram? NA POSIÇÃO DE QUEDA!! E eu nesse minuto já estava gritando e chorando. Os carrinhos começaram a soltar e bandejas da cozinha se soltaram das presilhas e caíram no chão do avião, fazendo um barulho terrível. Um silêncio dominava a tripulação e eu chorando, rezando e pedindo perdão pelos meus pecados hahahaha Agora tudo é engraçado, mas na hora foi terrível. Uma muçulmana envolta em seus lenços esticou um lencinho de papel pra mim e fez um sinal para que eu me acalmasse. Agradeci aquele pequeno gesto e foquei que tudo havia acabado. Quando aterrisamos eu beijei as paredes e chão do aeroporto, nunca fui tão feliz. 
O mais louco é que ainda assim gosto de sentar na janela, olhar o céu, imaginar desenhos nas nuvens e pensar na vida. Um completo paradoxo pra mim. 
Tenho sempre em mãos algum livro e se necessário, um remédio para relaxar e aliviar a tensão. Preciso viajar concentrada em alguma atividade ou dormindo.
Sempre digo: morro de medo de voar, mas enquanto a minha vontade de viajar for maior do que isso, continuarei superando meu medo.

Agora tenho que finalizar esse texto pqoque o avião vai decolar e eu quero apreciar essa vista linda aqui do aeroporto Santos Dumont (RJ x SP).


OBS: com a barriga em cólicas. ;)